O Instituto Tecnológico Simepar alertou a Defesa Civil sobre o risco de chuva de granizo na região de Maringá; moradores não foram informados para não gerar pânico
A chuva de granizo de segunda-feira, que causou grandes prejuízos nas regiões norte e noroeste, traz à tona a pergunta: por que a Defesa Civil não repassou o alerta à população, como é de praxe em caso de tempestades.
O Instituto Tecnológico Simepar informa que avisou a Defesa Civil do Paraná de que havia possibilidade de granizo para a região de Maringá ainda na segunda-feira pela manhã, dia da tormenta.
De acordo com a coordenação da Defesa Civil do Estado, o aviso foi repassado para a coordenadoria regional em Maringá, porém, não à população, por dois motivos.
Um, o receio de que a informação geraria pânico entre os moradores - e até um mal maior do que o granizo em si -, o outro, pelo fato de que estatísticas históricas não apontavam para um evento de tamanha gravidade.
No Paraná, informa o meteorologista do Simepar, Samuel Braun, a chuva de granizo é mais comum em regiões onde as frentes frias chegam com maior intensidade, como nas regiões oeste e sudoeste.
“Temos um dispositivo chamado alerta meteorológico, que funciona ininterruptamente entre as centrais das coordenações regionais e a coordenação estadual”, explica o chefe da seção de operações da coordenação estadual da Defesa Civil, tenente Eduardo Gomes Pinheiro.
“É um alerta que trabalha com probabilidade e, no caso de Maringá, granizo com essa intensidade não é comum.”
Ele explicou que, por se tratar de uma possibilidade, também havia o risco de se alertar as pessoas e, na última hora, o evento não ocorrer. “Se isso acontecer várias vezes, o aviso perde a credibilidade”, comenta.
No casos de locais com maior incidência do fenômeno - garante -, o alerta costuma ser dado, mesmo com o risco de criar pânico.
Falta apoio
Para Pinheiro, a estrutura que a Defesa Civil mantém no Estado é considerada boa, porém, a atuação seria melhor se a população tomasse consciência sobre a atividade desenvolvida pelo órgão.
“É preciso educar e informar sobre o conceito da Defesa Civil, o que é e como as pessoas podem colaborar”, avalia.
“No Brasil, não temos uma população preparada para receber um aviso meteorológico, como nos Estados Unidos, por exemplo.”
O diretor de operações da Defesa Civil de Maringá, Vagner Mússio, diz que o número de voluntários deve aumentar com a adesão dos presidentes de associações de bairro.
“A Defesa Civil ainda está engatinhando em Maringá, mas a partir desse temporal estaremos montando equipes em cada bairro, convidando mais pessoas para participar.”
Mússio explica como é a hierarquia da Defesa Civil.
“O prefeito é o presidente e o vice-prefeito o suplente. Depois, no organograma, vem o diretor de operações, cargo ocupado pelo secretário dos Serviços Públicos, e abaixo disso o secretário do órgão. Todo o restante é por convite, por adesão de pessoas que tenham o desejo de colaborar com a Defesa Civil.”
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