O livro “Sala dos Suplícios: o dossiê do caso Clodimar Pedrosa Lô” será lançado nesta segunda-feira (22), às 19 horas na sede da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim). O historiador Miguel Fernando traz em sua obra a história do menino migrante nordestino que ganhou destaque em 1967, quando foi morto violentamente por policiais. O fato causou e ainda gera grande comoção popular.Para o resultado final foi necessário dois anos de pesquisa e investigação, além do acervo pessoal do historiador, ele teve acesso ao material da Biblioteca Municipal, laudos policiais e a sorte de encontrar pessoas que souberam do trabalho e enviaram inúmeros materiais. “O livro contém informações jurídico criminal e de indenização inéditas sobre o caso; arquivos jornalísticos; e mais 25 depoimentos para endossar as teorias. Buscando a imparcialidade e a não construção da imagem de vilão para nenhuma das partes”, explica Fernando. Cerca de 80 imagens e ilustrações da época e de toda a repercussão que teve o fato, poderão ser vistas no livro. A maior preocupação do autor ao longo da construção da obra foi apresentar todas as versões existentes e necessárias para a compreensão, se possível, do que aconteceu. Todo o projeto conta com o patrocínio da Acim, Centro Universitário de Maringa (Cesumar), Crivialli do Brasil, Moinho Vermelho Buffet, Sistema Prever, Silo da Moda, Toni Segurança; e os apoios da Sol Propaganda e CBN Maringá. Após o lançamento, o livro “Sala dos Suplícios: o dossiê do caso Clodimar Pedrosa Lô” será comercializado por R$ 20 na Livaria Espaço do Livro, no shopping Maringá Park.HISTÓRIAClodimar Pedrosa Lô, após vir do Ceará morar com seu tio Oésio Araújo Pedrosa, conseguiu um emprego num hotel chamado Palace Hotel, cujo proprietário era Attilio Farris. No dia 23 de novembro de 1967, após chegar de seu serviço com grande quantidade de dinheiro um hóspede do hotel chamado Antônio Forte, nota que seu dinheiro desapareceu. Segundo alguns relatos, Antônio havia gastado todo o dinheiro.Assim Clodimar foi acusado pelo dono do hotel que chamou a policia. A patrulha que naquela noite era representada por Gerson Maia e Benerval Bezerra acabou tentando descobrir o paradeiro do dinheiro torturando e espancando o garoto que acabou morrendo. Seu falecimento foi na madrugada do dia 24 de novembro. A vítima sofreu choques elétricos, queimaduras com cigarros, teve a pele queimada com prego quente, genitais e pés esmagados com alicate, corte de facas pelo corpo, pancadas e chutes. O atestado de óbito aponta traumatismo craniano, mas há relatos também de hemorragia interna e órgãos da bacia e abdomens destruídos. Ao todo foram cinco horas de tortura.O pai do jovem se revoltou com o fato e acabou matando o gerente do hotel.DEVOÇÃOMuitas pessoas prestam culto e cumprem até promessas relacionadas à saúde, emprego, amor, finanças dentre outras, em nome de Clodimar. Dentre as graças alcançadas, encontram-se depoimentos de melhorias na saúde, curas de doenças, conquista de empregos, estabilidade financeira e, no culto de crianças, ajudas nos estudos. As homenagens prestadas ao considerado santo popular, são realizadas através de velas, flores, visitas e orações do terço. Durante todo o ano, principalmente no Dia de Finados, o túmulo onde está o corpo de Clodimar Pedrosa Lô fica repleto de vasos e coroas de flores e velas que ocupam grande parte do local. DOCUMENTÁRIOParalelo ao livro, Miguel Fernando juntamente com Eliton Oliveira e Fernando Betteti, vem produzindo um documentário longa-metragem \\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\"32.11.1967: Documentos do Caso Clodimar Pedrosa Lô\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\". A ideia inicial era lançar as duas obras juntas, porém o documentário acabou se tornando uma extensão do livro.“O documentário estende ao público a visão das pessoas que estiveram envolvidas com o caso e também a imagem de santo que Clodimar adquiriu. O fato do filme trazer vídeos antigos e desenhos da tortura sofrida pelo menino, exigiu uma dedicação maior”, disse Fernando. A apresentação oficial do trailer será amanhã durante o lançamento do livro e a partir do dia 23 de novembro, data comemorativa dos 43 anos da morte de Clodimar, acontecerá o lançamento oficial na internet, através do blog Maringá Histórica, Youtube e outros canais de divulgação.CINEMASA partir de março de 2011, Maringá poderá assistir ao resultado final do documentário em uma das salas localizadas no Shopping Maringá Park, e conhecer a fundo toda a história de Clodimar Pedrosa Lô e seu pai, Sebastião Pedrosa Lô. Ainda existe a possibilidade do Grupo Cinesystem, responsável pela exibição da obra na Cidade, lançar o filme a nível nacional, apresentando em outras cidades onde o grupo atua como Curitiba, Porto Alegre e São José dos Campos.
Victor Cardoso
Foto: DIV
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