sábado, 9 de abril de 2011

Há sete anos unindo famílias


Rose de Freitas Cardoso une famílias há sete anos. Nesse período, ela, que trabalha como vendedora autônoma em Maringá, já localizou o paradeiro de 94 pessoas – mães, pais, irmãos e primos – em 35 municípios. Para reaproximar parentes, Rose vasculha telefones e endereços na internet, pede ajuda aos cartórios, postos de saúde e às escolas, faz anúncios em emissoras de rádios locais. A saga como detetive começou depois que o sogro, Lázaro Pereira Cardoso, 79 anos, demonstrou interesse em reencontrar a irmã, Luzia Pereira da Silva, 73, que não via há 36 anos. Os dois saíram de Arcos, cidade de 36 mil habitantes no oeste de Minas Gerais, na década de 60, para morar no Paraná. Ele foi viver em uma fazenda em Marialva, e ela, em Iguatemi. O desencontro dos irmãos aconteceu quando Luzia deixou a fazenda para morar em São Paulo. "Ela mudou de um dia para o outro sem deixar endereço", conta Lázaro, que escrevia cartas para programas de TV para reencontrar a irmã. Sugestão "Se um órgão público fizesse esse trabalho, seria mais fácil aproximar pessoas" Rose de Freitas Cardoso "Detetive" Os dois só vieram a se reencontrar 36 anos depois, com a ajuda de Rose. Depois de muitos telefonemas, ela conseguiu localizar Luzia no município de Gaúcha do Norte (MT). Lá, ela morava nos fundos da casa de uma das filhas e ajudava a cuidar das netas. A primeira conversa entre os irmãos depois de três décadas foi por telefone. Lázaro pediu que a irmã viesse a Maringá para a festa de 50 anos de casamento dele. Luzia aceitou o convite e três meses depois embarcou no ônibus rumo ao Paraná. O reencontro aconteceu em uma das paradas do ônibus. "Eu a reconheci de primeira", conta Lázaro. "Eu achei que ele fosse mais magro", relata a irmã, que hoje mora em Maringá na casa do irmão. Novos desafios Depois de reaproximar os irmãos, Rose passou a ser contatada pelas famílias com parentes desaparecidos. "Começou assim, um falando para o outro, como uma corrente". Em um dos reencontros promovidos no ano passado, uma surpresa. Além de conseguir encontrar a irmã de dona Zeni, localizou também a mãe, com 88 anos, e irmãos que nem tinham nascido quando a família se separou. O encontro foi em dezembro, em Belo Horizonte. "Foi uma festa". Rose nunca cobrou um centavo sequer para reaproximar parentes, mas diz que sente falta de um órgão público que promova reencontros. "Chega em um ponto que ninguém pode mais ajudar e sempre dependo da colaboração de alguém. Se um órgão público fizesse esse trabalho, seria mais fácil aproximar pessoas". Mas ela promete continuar ajudando as famílias. "É emocionante presenciar um reencontro". A aposentada Cleusa Moraes dos Santos, 64, também pediu ajuda a Rose para encontrar a mãe, quatro primas e três irmãs. O primeiro reencontro foi com as primas que moravam em Maringá. "Eu não sabia que elas estavam tão perto". Depois de conferir as certidões de nascimento, tiveram a certeza de que eram parentes. "Os sobrenomes dos pais batiam certinho". A procura pela mãe de Cleusa, Olívia, 82, levou uma semana, até Rose encontrá-la no município paulista de Mauá, na Região Metropolitana de São Paulo. As três irmãs – Nair, 55, Margarida, 58, e Laíde, 52 – moravam em municípios próximos a Mauá. A reunião aconteceu há um ano. A família de Cleusa alugou uma van e foi ao encontro dos parentes que não via há 47 anos. "Não tinha mais nem lágrima para chorar". A mais recente reunião de família estava prevista para ontem à tarde em Mandaguaçu (a 32 quilômetros de Maringá). Rosalina, 72, aguardava a chegada da irmã Adelaide, 80. Um reencontro emocionante depois de 38 anos sem notícias.

FONTES: O DIARIO MARINGÁ CARLA GUEDES

FOTOS: RICARDO LOPES

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